José Sócrates no Parlamento, a propósito do não a um Referendo sobre o Tratado de Lisboa, foi o rosto visível do nosso regime democrático: crispado, intolerante, despótico, arrogante, sem escrúpulos. Mentiroso, porque teme o Povo que pretensamente representa. Alheio e indiferente à palavra dada. A promessas esquecidas. Somos por uma Europa de Nações. Somos contra a Europa de Bruxelas. A política europeia, sabemo-lo, já não é obra de um país, de um grupo de países ou das visões caricatas de Sócrates ou Durão Barroso. É um mero produto da evolução e maturação dos grandes interesses do capital financeiro, principal inimigo da unidade, identidade e independência das Nações. Não cabe aqui sequer discutir o conteúdo, labiríntico e confuso, do Tratado que apenas deu um nome novo a uma Constituição a que os franceses, por exemplo, nas urnas, já tinham dito Não. Cabe apenas registar que este Tratado, fabricado entre Bruxelas e Berlin, não serve a Europa nem os seus Povos. Por isso Sócrates mentiu. Por isso Bruxelas impõs o Não aos referendos. Por isso esta Democracia teme o voto do Povo. Por isso esta Democracia tem medo do debate, do diálogo, da opinião não formatada. Por isso esta Europa agoniza entre ruínas, mesmo quando, como escreveu alguém, é sobre elas, as ruínas, que frutificam os negócios. Humilhante, pouco ética, esta caricatura democrática não percebe que, cedo ou tarde, o Povo que ignora e despreza há-de quebrar o medo que o tolhe e chegados serão tempos em que esta gigantesca conspiração dos Governos que nos sufocam crescentemente, terá a resposta que urge dar. O caixote de lixo da História está cheio de tiranetes e aprendizes de feiticeiro de quem já nem o nome lembramos. Urgente é retomar a capacidade de acção política dos cidadãos. Ousar Lutar e Resistir!